No presente, a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais. ~Belchior
O passado, cantava Belchior, é uma roupa que já não nos serve. Vestimos essas peças por tanto tempo que, ao finalmente nos desfazermos delas, elas já não cabem mais. Algumas ficam apertadas, sufocando nossos movimentos e nos impedindo de respirar plenamente o presente. Outras, desgastadas pelo tempo, perdem a cor, o brilho e a capacidade de nos aquecer.
Mas o que fazer com essas roupas antigas? Jogá-las fora? Esquecer que um dia nos abrigaram do frio? Talvez a resposta esteja em dar-lhes um novo propósito.
Quando o Passado Sufoca
É fácil nos apegarmos às roupas do passado. Há um conforto familiar em mantê-las no armário, mesmo que não as usemos mais. Elas representam quem fomos, as batalhas que enfrentamos e as histórias que vivemos. Mas se nos agarrarmos a elas com demasiada força, corremos o risco de sermos sufocados por lembranças que já não fazem sentido no presente.
Carregar culpas, ressentimentos ou saudades excessivas nos impede de viver plenamente o agora. Ficamos presos em um ciclo de “e se?”, onde o futuro é apenas um reflexo distorcido do que já passou. Como podemos criar novas memórias e novos sonhos se estamos ocupados demais tentando caber em algo que já ficou para trás?
A Nova Função da Roupa Antiga
Há, no entanto, um outro destino para essas roupas que já não nos servem: passá-las adiante. O passado pode não ser mais útil para nós, mas pode ser valioso para quem está enfrentando dificuldades que já superamos.
Nossa experiência, por mais dolorosa ou desgastante que tenha sido, pode ser transformada em lição para quem ainda não trilhou esse caminho. Uma palavra de apoio, um conselho ou simplesmente compartilhar nossa história pode ser o alívio para alguém que se sente perdido.
Assim como uma roupa antiga que ainda aquece quem precisa, nossa vivência pode ajudar outros a crescer e superar seus próprios desafios.
O Passado Não É um Fardo
O segredo está em olhar para o passado não como um fardo, mas como uma ferramenta. Ele nos moldou, ensinou e trouxe até aqui. Reconhecê-lo como parte de nossa história é importante, mas viver nele é negar a si mesmo o direito de avançar.
Deixe as roupas antigas irem, seja para o fundo da memória ou para as mãos de quem precisa. Vista o presente com a coragem de quem sabe que o futuro é um guarda-roupa cheio de possibilidades, esperando para ser explorado.